segunda-feira, 8 de agosto de 2011

UNIDADE SEM BENEFÍCIO


A idéia da Unidade da Igreja virou discurso corrente. Como é comum entre nós, discurso superficial. Encontrei em Raniero Cantalamessa uma maravilhosa descrição, acerca da Doutrina da Pericorese. Perfeito!

Sem ser esnobe, estou seguro que quase ninguém ouviu este termo antes (Pericorese) e muito menos sabe o que significa.


Tratando sobre a Unidade do Pai, Filho e Espírito Santo, Raniero cita Cirilo de Alexandria, e assim descreve como Deus trabalha, com Cada Pessoa honrando a Outra, de modo a que Todos são honrados pelo Outro.


A compreensão da Unidade da Igreja passa necessariamente pela Obra da Cruz. Foi ali que o velho homem foi espiritualmente declarado morto. Matando o velho homem abre-se o caminho para a Nova Criação. É por este sacrifício de Cruz que a inimizade é desfeita e a Unidade estabelecida.


A prática da Unidade, contudo, parece desmentir a Obra da Cruz. Vivemos num tempo de absoluta individualidade ministerial. O mercado capitalista transformou Evangelho em Produto. Hoje os ministérios “se vendem”, adotando políticas agressivas de Marketing e Gestão. As aparências contam mais que a qualidade interior, o caráter de Cristo expressado.


Pensa-se em Unidade em termos de Instituição. Há aqui em Feira de Santana associações de comedores de café-da-manhã. Nada mais. Instituições que têm na reunião mensal um culto aglutinador, e encerra nisso a chamada Unidade da Igreja. As idéias mais arrojadas de Unidade sempre são na direção de programas do tipo Vigília, Marcha, Show-Gospel e Cultos Políticos. É até ridículo ver a distância entre a realidade atual e a Palavra de Deus.


O pior aspecto dessa Unidade é que são de instituições e não de pessoas. O pastor, que nunca encontra alguém com quem compartilhar suas demandas, sai do mesmo jeito que entrou. Em nada os programas juntos alcançam as necessidades pessoais dos pastores.


Salvas as exceções, os pastores não são o alvo dos movimentos de Unidade. Salvas as exceções, os trabalhos de Unidade não se preocupam como está o coração do pastor, como está sua família, como ele está lidando com conflitos, como se pode ajudá-lo, como ajudar a superar suas limitações pessoais, como capacitar frente aos desafios de seu rebanho; enfim, os pastores não são beneficiados nem tratados conquanto pessoa.


A quem serve a maioria dos atuais trabalhos de Unidade e as Associações? Aos que gostam do poder, aos que têm interesse político e institucional. Qual trabalho gasta tempo pra ouvir os pastores, pra dar ao coração deles um tempo de ministrarão e desabafo? Qual trabalho lhes empresta o ouvido?


A frase mais assustadora entre pastores é a seguinte: “Eu não abro meu coração com ninguém aqui... não confio em um só pastor”. Esta frase não é novidade, contudo expressa uma verdade aguda: Unidade que não beneficia a pessoa do pastor não é Unidade – é somente estruturalismo vazio.


Os pastores hoje gritam por confiança, por amigos, por terapia de aceitação, por ajuda, por ombro amigo.


Pastores são ovelhas, lembremo-nos. Pastor, de fato de fato, é somente Jesus, o Sumo Pastor (1Pe 5.4), O Bom Pastor (Jo 10.11). Quem os pastoreia?


Somente uma Unidade que tem foco na pessoa do pastor pode prosperar e ser estabelecida como base para a Igreja Restaurada.


Caso contrário é mais uma estratégia de dominação por parte de pastores políticos institucionalistas, sem visão de Reino, e com claros interesses pessoais em vista.


Nenhum comentário:

Postar um comentário