quarta-feira, 13 de julho de 2011

A vergonha dos cultos de Reteté

É muito comum encontrarmos hoje em dia Igrejas que trabalham na base do “reteté”. No Youtube há alguns vídeos mostrando algumas cultos onde pessoas caem no chão, pulam, gritam e dançam. Podem ser encontrados com a palavra reteté. É uma palavra que expressa o que há de mais confuso em termos de supostas ações do Espírito de Deus.

As ações do Espírito na Igreja são demonstradas na Palavra de Deus: Enchendo a Igreja de Poder (At.2.4; 8.17), conferindo ousadia na pregação (At 4.8,31; 6.10), levantando obreiros (At.6.3), dirigindo para ações (At 8.29; 10.19; 11.12, At 16.6,7), chamando e enviando obreiros (At 13.2-4; 20.28), direcionando decisões do Governo da Igreja (At 15.28). Em alguns momentos o Espírito Santo operou coisas espantosas: fez tremer o local de reunião (At 4.31), fez um tele-transporte de um evangelista (At 8.39).
Não há na Bíblia a ênfase em manifestações do Espírito em reuniões públicas. Em 1Coríntios 14 há uma explanação de Paulo acerca do uso dos dons do Espírito em reuniões públicas, e não se vê ali algum indício de bagunça, mesmo porque o texto diz: “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” (1Co 14.40).
Mas há um texto extremamente relevante: “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil” (1Co 12.7). Terá o chamado reteté alguma utilidade para edificação? “Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1Co 14.26).
O chamado reteté não tem função e edificação, mas é certamente um elemento de caráter eminentemente emocional. As pessoas entram em transe, que talvez até tenham alguma origem espiritual (amor a Deus, desejo pela presença de Deus, desejo de servir a Deus, etc), mas certamente há forte predominância do aspecto emocional.
As pessoas se entregam ao que sentem emocionalmente. Geralmente são pessoas que transferem para a relação com Deus todas as suas frustrações ou expectativas. Talvez algumas sejam frustradas consigo mesmas, e ficam extasiadas com o tremendo e maravilhoso amor de Deus.
O fato é que as pessoas se entregam emocionalmente ao reteté, e produzem um dos mais feios, deploráveis, reprováveis e inúteis movimentos do povo pentecostal.
O pior é pastores pensarem que se precisa de reteté para haver certeza da presença de Deus no culto. Ora, desde quando a presença de Deus pode e deve ser provada? Fica exposta aqui a falta de fé e de raiz deste evangelho pobre e místico.
Para muitos cada culto precisa de movimento para que se diga “Deus operou”. Substitui-se aqui o Pentecoste pelo Pentecostalismo, o Poder pelo fenômeno, o objetivo pelo momento, o alvo pela experiência. Os cultos de reteté são cultos à emoção, e não cultos a Deus. Deus é só um aspecto, um argumento, ou então uma alegria detonadora das emoções.
Pastores que estruturam sua Igreja em cultos emocionais de reteté deveriam ser disciplinados por suas Convenções, e passar por uma reciclagem doutrinária. Igrejas que vivem de profecia, mistério, reteté e essa salada emocional somente conseguem entreter as pessoas e impedí-las de adentrar o processo de crescimento espiritual.
Crentes emocionais são sempre meninos. Não conseguem viver sem os sentimentos, sem a experiência emocional da presença de Deus. Eles quase que “obrigam Deus” a se manifestar, e sempre apelam e forçam essa manifestação através de ações emocionais.

Pergunta elementar: Houve isso na Igreja Primitiva? Sim, mas Irineu de Lion escreveu um livro, no século 2, para combater abusos do uso dos dons.

Quase 2 mil anos depois a meninice volta aos nossos templos, e os pastores precisam de novo ser repreendidos; precisam ler o livro Contra as Heresias, e tomar uma atitude para estancar o evangelho emocional, que tem paralisado o crescimento espiritual genuíno do povo de Deus.
Atenção, pastor: ministre estudo bíblico! Ensine a Palavra de Deus! Ensine o povo que a presença de Deus não é para ser sentida, mas para ser crida! Ensine que todos temos uma alma enferma e com capacidade de imitar as coisas de Deus! Ensine que o Espírito é essencialmente um Espírito de Edificação e transformação! Ensine a importância da formação do caráter de Cristo! Ensine a Palavra! Ensine e faça o povo ter uma fé sadia na Palavra e uma prática de obediência simples e piedosa!

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